quinta-feira, 25 de setembro de 2008

À Minha Perfeita Narratária

saber sevícias
a mim pela distância.
saber ser vícios
a mim pela ficção
que por sua incessante fricção,
seus dedos no teclado
tornam-me um viciado,
incensam minha vida com (in)verdades.
fico louco pra provar só mais uma vez
pra sempre
o doce sabor de saber ser querido.
Buscar em suas verborragias
(falsificcionais)
respingos de verdade
a mim comigo
e eu,
tamanho inimigo de mim,
como sofrediria o poeta,
traio-me
emociono-me
por saber que há, em suas elucubrações,
lacunas e celebrações
nas quais me ecaixo e acho
numa amizade
terna, eterna.

se os caprichos e relaxos da vida
(obrigado Leminski)
nos afastam e aproximam
te espero aqui
no virtuamundo
seviciado
pelo espaço temporal
que se fecha e nubla
e eu esperando
que você chova
no meu terreno árido e seco
fertilizando, assim, esse campo infértil
de palavras e eloucubrações.

3 comentários:

Mi disse...

E depois você gosta do que EU escrevo, palimpsestu? Não há como.
Sua poesia é bela como a cumplicidade literária.

As inverdades contêm verdades (sabendo ou não), as inverdades literárias são mais verdades a ver. O carinho, você sabe, existe, por isso letras. Mesmo nos relaxos da vida, então, caprichamos.

Mais uma vez muito orgulhosa de suas letras, pois eu sei que você sabe (e você sabe que eu sei que você sabe): para mim, o melhor presente sempre são letras. E, nisso, a gente tenta presentear a literatura e uns outros escassos olhos... sorte nossa.

Um abraço.

... disse...

Enquanto "chove em seu terreno áredo e infértil" respingos alcançam-me inundado de mágoa, rancor e ódio.

... disse...

Volta pra casa... me traz na bagagem: tua viagem sou eu
Novas paisagens, destino, passagem: tua tatuagem sou eu
Casa vazia, luzes acesas (só pra dar a impressão)
Cores e vozes, conversas animadas (é só a televisão)
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Esquecemos o que somos: simples de coração

Volta voando (vindo do alto),derrete o chumbo do céu
Antes que eu saia pela tangente no giro do carrossel
Falta uma volta (ponteiros parados): tudo dança em torno de ti
Volta pra casa... fim da viagem: bem vindo à vida real
Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Agora é bola pra frente, agora é bola no chão
Já brincamos muito tempo (até perder a direção)
Na santa paz de Deus
No mais perfeito caos